segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O Feminismo em Shingeki no Kyojin



Yooo minna 0/

Comecei a usar e atualizar mais frequentemente o Instagram do blog (@minhavidadeotomeblog) e acabei perguntando se vocês gostariam de um assunto específico que eu adoraria falar, então cá estou.
Hoje vamos falar sobre o feminismo em Shingeki no Kyojin. Tive essa idéia depois de ler o mangá.
Com o final da terceira temporada, e aquele teaser da 4° eu não poderia deixar de ler o mangá, minha curiosidade e ansiedade estavam me matando. Então comecei a ler a partir do capítulo 80 (que é onde o anime termina) e em duas noites li tudo que foi lançado até agora.
Acontece que, em um dos capítulos acontece uma cena que me deixou com um misto de sensações. Eu fiquei irritada como a personagem e orgulhosa da reação dela, e pelo que me parece foi algo intencional do Isayama.
Não vou contar detalhes pois não quero dar spoilers do mangá, numa futura matéria vou falar mais a fundo dessa situação. O foco de hoje é o feminismo de Shingeki nas primeiras temporadas.
Então, vamos lá?

Só um edit rápido: fiz essa matéria tem mais de duas semanas, foi na semana onde o último episódio da terceira temporada foi lançado então demorei pra postar. Motivos: o instagram simplesmente parou de funcionar no meu celular e fiquei desmotivada em lançar, além do que eu estava (ainda estou) sem pc e não consegui pegar com meu irmão o notebook, mas agora está tudo resolvido, divirtam-se <3


Introdução


Caso você não saiba, Shingeki no Kyojin é uma série criada por Hajime Isayama que contém até o momento 26 capítulos e 3 temporadas adaptadas para anime.
A série gira em torno de uma sociedade fictícia onde toda a humanidade está contida ao redor de três muralhas que a protege dos titãs que assolam o mundo. Muitas reviravoltas começam a acontecer a partir da terceira temporada, mas as duas primeiras se resumem basicamente a isso.
A história tem como foco principal Eren e seus melhores amigos, Misaka e Armin. E a partir de agora vou entrar na história, então se não quer spoilers, sinto muito, mas vai ter que ler essa matéria depois de ver o anime :)

A infância


Quando Eren era pequeno, foi apresentado à Mikasa durante uma das consultas de seu pai, Grisha, que era médico. Mikasa era muito tímida, portanto não falou muito com ele.
Quando Grisha foi novamente visitar a família de Mikasa encontrou apenas os pais da menina mortos. Como Mikasa era descendente de asiáticos, sua família foi alvo de sequestradores que queriam vender sua mãe no mercado negro. A Mikasa não era de raça pura, visto que seu pai era um Ackerman — vamos falar bastante desse clã em futuras matérias.
Eren logo tratou de olhar os arredores enquanto seu pai procurava ajuda. Foi aqui que ele encontrou um galpão (cabana, sei lá) e ouviu uma movimentação suspeita. Ele entrou com uma faca escondida determinado a resgatar Mikasa.
Com suas vidas ameaçadas, Eren não pensa duas vezes antes de investir contra os sequestradores e acaba matando dois deles, e Mikasa ao ver Eren ser imobilizado pelo terceiro investe contra ele e o mata.
A partir desse dia Mikasa se vê apaixonada e inspirada por Eren e dedica todos os dias da sua vida a proteger ele. A relação dos dois é meu ponto de início.
Quando vi a Mikasa pela primeira vez não gostei da personagem, pelo simples fato de ser apaixonada pelo personagem principal que era (e continua sendo – BRINCADEIRA GENTE) bem bosta. Porém, conforme o anime foi se desenvolvendo, Mikasa se revela uma das melhores recrutas do 104° esquadrão. Ela tem uma aptidão nata para manusear as lâminas e o equipamento de descolamento, que depois descobrimos ser uma herança do clã Ackerman, braço direito da família real.
Eu não conseguia gostar da Mikasa que ficava 24/7 atrás do Eren, e até hoje lendo o mangá me incomoda quando ela demonstra extremo ciúmes do Eren, mas eu consigo entender esse desenvolvimento dela. Ela tinha desistido de lutar pela vida, até que Eren a salvou e a convenceu a não desistir nunca (TATAKAE).
Mikasa é mais forte e mais habilidosa que Eren, mas ainda admira o fato dele se arriscar para proteger outras pessoas, como aconteceu quando Armin sofria bullying e Eren interviu para protegê-lo.

Outras personagens


Outra personagem em destaque na série é Annie, a titã fêmea. Antes mesmo dessa revelação ela já era, assim como Mikasa, uma das melhores da turma. Seu combate corpo a corpo era imbatível (e foi o que lhe concedeu o poder de titã). Ela era temida e respeitada por todos do esquadrão em que se formou, e diferente da maioria dos personagens apresentados, ela escolheu a polícia militar.

Titã Fêmea / Annie
O que fez com que Eren percebesse que Annie era a Titã fêmea foi o modo como ela se portava em batalha, já que nos treinamentos ela adotava a mesma postura que a Titã nos confrontos.

Nem Mikasa nem Annie foram masculinizadas no anime/mangá para que sua força fosse representada, pelo contrário, Jean criou um forte crush por Mikasa e odiava o fato dela gostar de Eren e ele nem dar bola pra ela.
Em contrapartida temos Sasha, uma personagem cômica desde o início do anime, assim como Connie. Sasha sempre está atrás de comida e fazer comentários que quebram a tensão das cenas. Ela obviamente não é uma personagem fraca, afinal estava presente durante o segundo ataque às muralhas e sobreviveu inclusive ajudando pessoas em seu caminho enquanto buscava sobreviver ao ataque já que ela morava em um vilarejo distante das capitais, além de ser um membro das tropas de exploração, mas ela também não é uma das personagens mais fortes, e isso é totalmente proporcional ao papel que ela tem no anime.

Sasha em sua cena mais icônica, logo na primeira temporada
"Eu vou te dar essa metade"

O balanço entre personagens fortes e fracos de ambos os gêneros me faz ver Shingeki no Kyojin como uma obra equilibrada. Não sei se essa foi a intenção desde o começo, mas as personagens femininas da obra são tratadas pelos personagens masculinos de forma igual. As personagens não são excluídas de determinada missão pelo fato de serem mulheres e tem uma cena que brinca com isso na terceira temporada, enquanto o novo esquadrão de Levi, composto por Eren, Mikasa, Armin, Sasha, Connie, Jean e Historia estão se alojando, Levi deixa as tarefas com eles. Eren já tinha feito parte de um esquadrão de Levi antes e sabe o quanto o mais velho é criterioso sobre a limpeza do local. Portanto é o primeiro a começar a faxina, enquanto Mikasa vai cortar lenha nos fundos da casa, junto de Historia. Provavelmente foi proposital já que Jean brinca com essa inversão de papéis.
Outra personagem que mudou ao longo da narrativa foi Historia. Inicialmente, como Mikasa, Historia desistiu de sua vida, sendo levada a esquecer seu próprio nome e agir por um teatro. Quem a faz acreditar novamente em seu próprio potencial é Ymir, as duas criam um relacionamento romântico que acabou não se concretizando, pois Ymir foi levada para fora das muralhas por Reiner e Berthold.
Após o incentivo de sua amada, Historia revela sua origem como filha bastarda do rei das muralhas e assume o trono de uma maneira magistral. Ela combina com Erwin, o líder das tropas de exploração, de desmascarar o sistema do reinado atual e tomar posse como rainha ao derrotar o último titã durante a invasão da muralha Rose em frente a população. Assim, Historia toma posse do trono como a rainha que derrotou os titãs, bem quista pela população. Um de seus maiores objetivos era dar um lar seguro aos órfãos e reinar para os mais pobres, e isso também é pontuado no mangá (e aparece logo no último episódio da terceira temporada).

Sobre a masculinidade de Shingeki no Kyojin


Durante o anime, não faltam exemplos da masculinidade tradicional: um homem forte, durão e que não demonstra sentimentos. Mas da mesma forma, temos personagens sensíveis que demonstram além de luto, tristeza e compaixão. Sentimentos que nas obras são apenas externados por mulheres e personagens frágeis, acabam se mostrando nos personagens fortes também, o que torna os personagens mais humanos, algo que na obra é importante ressaltar. Durante toda a primeira parte é muito importante fazer o contraste entre os humanos e os titãs, criaturas monstruosas que só querem a destruição da humanidade, indefesa e frágil atrás das muralhas. Trazer características que distinguem os soldados dos titãs com quem eles lutam é importante até mesmo para trazer a afeição do público, para que cada morte e cada derrota caia com força em nossos corações.

Historia xingando Eren porque ele não parava de chorar dizendo para ela comê-lo para o bem da humanidade

Eren como personagem principal tem tudo de mais humano mesmo sendo o primeiro a revelar que podia se transformar em um titã.
Na primeira temporada, Eren era brigão e valentão, mesmo que não tivesse muita habilidade nem força e por vezes causava tumulto no refeitório com Jean, o que é algo típico de um adolescente. Porém ele é visto na terceira temporada muitas vezes chorando e demonstrando todo medo e raiva que sente dos titãs. Muitas pessoas brincam com o fato dele ser um bebê chorão, já que os outros personagens choram em momentos pontuais, já ele chora em diversas ocasiões, mas é isso que faz dele mais humano e real. As emoções negativas como raiva, medo, desespero, arrogância são tão importantes quanto as positivas, porque frustração também é algo intrínseco ao ser humano e nos aproxima dos personagens por empatia.
Armin muitas vezes é colocado em xeque em momentos de pressão e demonstra desespero e medo de fazer o movimento errado e colocar o destino da humanidade em risco, mas com sua inteligência acima da média sempre pensa em algo genial de última hora, o que o fez se destacar aos olhos de Erwin.

Conclusão


O que quis enfatizar nesses tópicos é como Shingeki no Kyojin diverge de tantas outras obras por primeiro: abordar o poder feminino de forma natural e não sexualizada, assim como não masculinizando as personagens; e segundo: retratar as emoções dos personagens masculinos tanto quanto das personagens femininas e naturalizando esse processo de externar as emoções negativas e ditas frágeis.
São pontos como esses que me fazem adorar tanto a obra e admirar o autor por ter criado um mundo tão incrível e equilibrado. Aliás o próprio contraste entre o mundo dentro das muralhas e fora delas já é bastante discrepante e veremos isso num futuro não tão próximo. Assim que a próxima temporada for lançada eu comento um pouco para vocês ;)

Então, acho que é isso. Espero ter esclarecido bem os pontos, e que vocês não tratem com insignificância algo tão relevante como equidade de gênero que é tratada de uma forma tão especial nesse anime incrível.


Até a próxima


Tahhh